Vocação vem da palavra “vocare” que significa chamado, por isso vocação é a resposta humana a um chamado divino. Costuma-se distinguir cinco grandes tipos de vocação. Uma não exclui a outra, muito pelo contrário, se supõem e se completam.
O primeiro dos chamados divino é a vocação à vida. Todos nós vivemos porque fomos chamados à existência. Ninguém vive porque decidiu viver. Alguém nos chamou para a vida (cf. Gn 1,27). Toda vocação corresponde a uma missão, por isso a vocação à vida exige de nós o compromisso de defendê-la e de promovê-la em toda a sua amplitude: saúde, educação, oportunidade de trabalho, lazer, espiritualidade, etc.
O Papa Francisco no diz: “Somos chamados à defesa e ao serviço da vida desde a concepção no ventre materno até a idade avançada, quando ela é marcada pela enfermidade e pelo sofrimento. Não é lícito destruir a vida, torná-la objeto de experimentações ou falsas concepções”.
O segundo tipo é a vocação à santidade. São Paulo diz que a vontade de Deus é a nossa santificação (1Ts 4,3). “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2). Ser Santo é fazer em tudo a vontade de Deus Pai, é corresponder ao seu amor divino, é ficar longe de tudo o que é pecado, do que nos impede de viver na graça divina. A vocação à santidade sempre foi necessária. Para ser santo não é necessário que se faça algo extraordinário (cf. Mt 28,34-41). Basta viver com amor e fé as ocupações ordinárias de cada dia. A nossa santidade deve vir d’Ele e existir para Ele, precisa ser encarnada na história em que vivemos, assim como Jesus o fez.
O terceiro tipo é a vocação que nos leva a assumir um “estado de vida”, ou seja, é através dela que se assume a vida laical (solteiro, casado, viúvo ou consagrado), ou a vida consagrada através dos Conselhos Evangélicos de pobreza, obediência e castidade (religiosas ou religiosos), ou a vida dos ministérios ordenados (diácono, padre, Bispo). Esta vocação é de importância capital. Um desses três estados vocacionais (laical, consagrado, ordenado) nos foi dado no dia do nosso batismo, são caminhos de santidade e refletem a vontade do Criador.
O quarto tipo chama-se vocação profissional. O trabalho é uma das características do ser humano através do qual a pessoa realiza-se, aperfeiçoa a obra da criação, colabora com o progresso social na sociedade na qual está inserido, e na Igreja contribui com a obra de Evangelização. Pelo trabalho, criamos novas realidades, refletimos a ação do Criador. No entanto, após o pecado original, o trabalho excessivo pode tornar-se instrumento de dominação, exploração e destruição. Daí a importância de olharmos o trabalho como vocação e de escolhermos uma profissão que realmente nos realize, que nos santifique e nos faça pessoas felizes.
O quinto tipo vocacional é o que acontece dentro da comunidade eclesial. Assumir ministérios (serviços) na Igreja é também uma vocação. O exercício deles supõe o chamado divino e exige disponibilidade de quem se sente chamado. Se é graça o chamado, é graça também a resposta. Por isso, só se entende vocação num clima de fé e oração. São Paulo aos Coríntios diz: "Há diversidade de dons, mas um só Espírito". Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor (1Cor 12, 4-5). Os ministérios são diversos porque diversas são as necessidades humanas e espirituais do Povo de Deus. Quando assumimos nossos dons, talentos e carismas na comunidade eclesial (Igreja) ajudamos a Cristo e a Igreja a salvar pessoas, que é a sua missão principal, por isso ela é chama de “Igreja, comunidade de salvação” (cf. LG,1; GS, 40).
O mês vocacional deste ano tem como Tema: "Amados e Chamados por Deus", e o lema: “És precioso a meus olhos... Eu te amo” (ls 43,4), porque todos somos vocacionados à santidade e porque fora desse caminho não temos como viver bem qualquer que seja a nossa vocação pessoal. Peçamos ao Senhor que nossa paróquia possa ter um cultura vocacional, uma paróquia onde cada fiel tenha a alegria de participar, de servir e colaborar com entusiasmo nos vários serviços, ministérios, pastorais, movimentos, serviços, escolas e associações. Que cada um reavive em si o dom da fé e da sua vocação para Evangelizar com convicção e fé, de que foi chamado para o serviço na Igreja. Que todos tenhamos a consciência vocacional do chamado divino que gera testemunho de vida, amplia a ação pastoral, atrai e cultiva novas vocações específicas para o sacerdócio presbiteral, para a vida consagrada e para famílias cada vez mais santas.