NOTÍCIA

Comunhão Espiritual

sexta, 20 de março de 2020
Neste tempo em que estamos vivendo, impossibilitados de receber a eucaristia, podemos nos valer da comunhão espiritual.

Os novos desafios exigem de nós cristãos novas formas de vivenciar nossa fé como corpo de Cristo, como Igreja e participar do Senhor Jesus com novas formas adaptadas à realidade presente. Nossa história de fé já passou por momentos críticos e respostas foram dadas em períodos conturbados, não é a primeira vez em que a comunhão espiritual se faz necessária.

(Clique aqui para acessar Manual sobre a Comunhão Espiritual)

Vale à pena lembrar que as celebrações eucarísticas não foram suprimidas, ao contrário, foram intensificadas! Os sacerdotes estão celebrando diariamente por todos e cada um dos cristãos garantindo assim a comunhão sacramental no corpo de Cristo. Renovando a vitalidade e a força da presença de Cristo no mundo. Por outro lado, configurados com Cristo Bom Pastor atualizam sua vocação e participam mais intimamente do sacerdócio de Cristo.

O jejum eucarístico imposto pelas circunstâncias nos remete ao deserto, praticamente uma quaresma para todos, sem exceção. O Senhor Jesus foi guiado pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo demônio, pela falta de pão, nos diz a Sagrada Escritura. Nesta travessia seu espírito foi fortalecido e descobriu forças em si mesmo que futuramente o auxiliariam no seu ministério.

O jejum eucarístico nos ajuda a vencer demônios acomodados e nutridos em nós, enraizados, a começar pelo famoso e idolatrado egoísmo, a mentalidade egoísta, a autossuficiência com os quais levamos nossas vidas acreditando estar ganhando o mundo, vitoriosos, mas sem perceber estamos percorrendo um caminho contrário ao Evangelho. Às vezes somos individualistas inclusive na nossa maneira de orar, de cultuar Deus, de nos relacionar com Ele, de viver nossa espiritualidade, mas não foi isso que Jesus nos ensinou.

Este tempo é um chamado para a quarentena no deserto pessoal, um chamado para a comunhão espiritual como uma verdadeira forma de encontro com o Senhor. A comunhão espiritual é uma graça recebida por aquele que a deseja de coração sincero e que se encontra impossibilitado de participar sacramentalmente da eucaristia.

Pela comunhão espiritual eu permito a entrada de Cristo em meu coração, abrindo meu ser inteiro à sua presença e ação transformadora, restaurando minha saúde espiritual, permitindo o Bom Pastor cuidar de mim, das minhas feridas, mágoas, permitindo o Espírito Santo penetrar em todos os cantos do meu ser.

Importante ter consciência de que existem várias maneiras de comunhão com Deus. A comunhão espiritual é uma forma de antecipação da comunhão sacramental. Participar da missa pelos meios de comunicação me fazem estar em comunhão com a Igreja orante. Na Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia, sobre o amor na família n. 297 o Sumo Pontífice dirigindo-se àqueles impedidos de comungar: “… compete à Igreja revelar-lhes a pedagogia divina da graça nas suas vidas e ajudá-las a alcançar a plenitude do desígnio que Deus tem para elas, sempre possível com a força do Espírito Santo.

Nesta mensagem extraordinariamente pastoral o Papa contempla situações nas quais as pessoas por circunstâncias diversas se encontram em situação de contingência. Na esperança de um dia participar da plenitude dos sacramentos na Igreja. Prevendo fatores que podem limitar a capacidade da decisão, impedindo a pessoa por motivos alheios à sua vontade de aceder ao sacramento. Esforço este por ajudar a cada um a encontrar a sua própria maneira de participar na comunidade eclesial para que se sinta objeto de uma misericórdia ‘imerecida, incondicional e gratuita’. Como membros vivos do Corpo de Cristo, sentem a Igreja como uma mãe que cuida de cada um dos seus filhos com carinho e os anima no caminho da vida e do Evangelho.

Vários santos fizeram uso e recomendaram a comunhão espiritual: Santo Tomás de Aquino, São João Maria Vianney, Santo Afonso Maria de Ligório, Santo Antonio Maria Claret, Santa Teresa de Jesus, São Maximiliano Kolbe, São Joao Paulo II entre outros, esclarecendo sua natureza: falar para Jesus Cristo o quanto queremos recebê-lo em nossas vidas, fazer em nós um sacrário de amor. É diferente da comunhão sacramental na que consumimos seu corpo; tem mais a ver com um ato de desejo, que efetivamente contribui para alimentar a fome de Deus em nós, que nos prepara na esperança de celebrar e comungar Cristo vivo e presente na Eucaristia já que acreditamos na sua Palavra: “Isto é o meu Corpo”.

Fonte: Pe. Oscar A. Londoño
 
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